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Um fim-do-mundo bancário

Lais de Corinto Hans Holbein o Novo
Lais de Corinto (1526), Hans Holbein o Novo (1497-1543)

Atribui-se aos Templários (1129-1312) a invenção do sistema. Os peregrinos depositavam o seu ouro em qualquer uma Igreja do Templo europeia; recebiam uma espécie de ‘carta de câmbio’ com o valor e podiam levantar o seu equivalente junto dos irmãos, os pobres cavaleiros em Jerusalém.  A ganância do devedor Felipe o Belo levou à perseguição, extinção da Ordem, e alimentou a lenda sobre o nunca encontrado tesouro dos Templários.
O primeiro florim – de Florença – é cunhado em 1252, em ouro, funcionando como moeda de troca europeia. Um antecedente do nosso euro. O processo bancário em si foi refinado pelos Renascimentos, com as grandes cidades e famílias italianas – Os Medici, que criaram um banco (1397–1494) famoso e respeitável. Eram os fundamentos da nossa banca de hoje – então e sempre alicerçada sobre a ideia de confiança e credibilidade. Os depositantes acreditam que os seus valores lhes são devolvidos, mais ou menos intactos.
O que está a acontecer hoje em Chipre é o princípio do fim do sistema bancário – e do euro. Aspiram as luminárias europeias a dominar um país pequeno, com o argumento ‘moral’ de terem depósitos de lavagem de dinheiro – como é que sabem? Que banco os não tem? E se o dinheiro é sujo, o que se passará nos cofres alugados pelos próprios bancos – e assim por exemplo na Suiça? Fiquemo-nos pelos euros. A ideia que os depositantes vão pressurosamente tirar os seus de Chipre para os enfiar em bancos mais sérios na Alemanha, é a mais bizantina. Os depositantes, acima dos € 100.000 euros, decerto já cambiaram os seus depósitos assim que se falou em resgate, e tê-los-ão agora muito a salvo em Yuans, Shekels, etc., etc. Porque mesmo que o Banco e ministros das finanças europeus tivessem recuado totalmente, e se desmintam e lhe chamem imposto, perderam o resto da pouca credibilidade que teriam e o simples facto de a ideia lhes ter passado pela cabeça já rebentou com o sistema.

p.s. – Até parece que sou bruxa ! – http://www.publico.pt/economia/noticia/o-dinheiro-saia-de-chipre-enquanto-o-presidente-negociava-1589110

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2 replies on “Um fim-do-mundo bancário”

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    Querida Helena,
    urge inventar uma alternativa, como São Marcos de Montagallo, a quem a histórica usura que nos acaba de historiar tanto repugnava…

    Beijinho

    1. Share

      Amigo Paulo – Dante enfiava-os no fundo do sétimo círculo do Inferno, mas agora até já nem há Inferno (ou mudou de sítio e não nos disseram?) Bjs

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