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ritão da Trácia (Bulgária)

Esta cabeça de jovem carneiro em ouro, de 400-300 a.C., é uma das peças do chamado Tesouro Panagjurište, descoberto acidentalmente pelos três irmãos Deikov em 1949, que o doaram ao país. Pelas várias notícias e bibliografia atribuem-se-lhes utilidades talvez fantásticas – que terão dado de beber a Alexandre o Grande, ou sido usados como objectos cerimoniais pelo rei Setes III, atestando a existência e importância também dos rituais órficos deste(s) povo(s).

Os Trácios eram uma população multíplice e multitudinária, várias tribos que habitaram os territórios dos Cárpatos ao Norte, a Leste alcançando o Mar Negro, o rio Vardar a Oeste, e a Sul até ao Mar Egeu. Para além de referências em registos da Creta Micénica, são associados aos Troianos por Homero, na Ilíada (X 434), mencionados como muito numerosos por Heródoto e Tito Lívio – sempre com um centro na região que é hoje a Bulgária. Pelos tempos estão entalados – ou movimentam-se – entre pelo menos quatro culturas diferentes, contaminando-se mutuamente. Salvaguardam, porém, uma identidade específica na liberdade e confiaça com que representam os animais, na maestria da reprodução da musculatura humana.

Tidos por filhos de Ares/Marte,  e pelo pouco que se vai sabendo, têm por deus o “Cavaleiro Trácio” ou “Herói” (Heros, Eros), uma entidade ancestral, que combina as características de outras divindades estrangeiras – Asclépio, Apolo e Dionísio. Em tabuinhas votivas dos tempos romanos, ou estatuária, é representado como um caçador empunhado uma lança, acompanhado de um cão, a matar um animal selvagem (leão ou javali):

Cavaleiro com cão e javali, séc. III a.C., Museu Teteven

Mais tarde, por influência cristã, o “Herói” é, naturalmente, identificado com São Jorge.

No ritão acima, com a forma de Áries, a asa é um leão. As figuras em baixo-relevo, sentadas e nomeadas, são Dionísio e Eríope, ladeados de duas outras Bacantes dançarinas.

Deste tesouro há três conjuntos de réplicas, nos museus Búlgaros de Panagjurište, Sofia e Plovdiv, enquanto as peças originais vão sendo emprestadas para exposições no estrangeiro. Como a do MET, em 1997 – cujo catálogo (fabuloso) foi há pouco disponibilizado on-line.

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