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Narrativas políticas

Donald J. Trump descobriu a personagem do político politicamente incorrecto – não tanto literária, mas talvez mais televisiva num remake pós moderno de Archie Bunker.

Tem-se mostrado à altura do papel. Começou no discurso da tomada de posse a ofender 6 presidentes ali mesmo ao lado. Seguiram-se as principais instituições – FBI, CIA, Departamento de Estado – e já mandou directamente calar os Media (Christiane Amanpour!? Anderson Cooper!?).

De cada vez que a personagem aplica aquela sua assinatura num documento causa consternações e não mede consequências. Sobre o Obamacare, não interessa que venham a morrer mais 43.000 pessoas por ano. Sobre o (segundo) muro com o México já foi proibido que se falasse, mas de acordo com Richard Quest as pêras abacate aumentarão logo de §1,00 para §1,20.

Parece que está a cumprir as promessas da campanha – mas esqueceu-se das regras constitucionais para o cargo a que concorreu. Irónica e sabiamente para os Founding Fathers o Presidente, para bem exercer o seu ofício, tem que se despojar dos seus bens: ficar pobre.

O último (ontem) dos quinze documentos assinados foi o veto aos visas de países muçulmanos (daqueles onde não existem terroristas nem Trump hotels), que causou o caos nos aeroportos, americanos e do mundo. Entrevistaram alguns viajantes, mas não as companhias de aviação. Há gente que queria entrar nos USA, mas também há muita gente que poderia ir e já nem sequer vai pensar nisso – a Microsoft e a Google mostraram-se (discretamente) preocupadas.

Consta que se está a preparar uma outra executive order que obriga quem entra nos USA a dar acesso ao conteúdo de telemóveis e computadores pessoais, a serem clonados pelos serviços de segurança.

Entre afrontas, spins diários e factos alternativos engorda a personagem, que se alimenta de protestos, audiências televisivas e subidas astronómicas do Dow Jones.

Moral desta história: a culpa é da abstenção. Parece que está a diminuir em França, hoje, em que se decide entre Benoît Hamon e Manuel Valls como candidatos socialistas à Presidência, futuros opositores de Le Pen e radicalismos. Daqui, à revelia das sondagens e por causa de Trump, aposta-se em Valls.

 

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